Por que escolhemos ser infelizes?
A educação, a cultura, os pais, os professores – eles têm feito um grande trabalho. Têm transformado criadores extasiados em criaturas infelizes. Osho.
Esse
é um dos mais complexos problemas humanos. Precisa ser examinado a
fundo e não é algo teórico, mas algo que lhe diz respeito. É assim que
todos têm agido – sempre escolhendo o caminho errado, escolhendo ficar tristes, deprimidos, infelizes. Devem existir razões profundas para isso, e de fato existem.
A
primeira razão diz respeito ao modo como os seres humanos são criados.
Se você for infeliz, irá ganhar alguma coisa com isso. Se for feliz,
perderá.
Desde o início, uma criança atenta percebe essa diferença.
Sempre
que está infeliz, todos são compreensivos com ela e ela ganha essa
compreensão. Todos tentam demonstrar afeto e a criança recebe amor. Mais
do que isso, sempre que fica infeliz todo mundo é simpático e ela
recebe atenção. A atenção funciona como alimento para o ego, como um
estimulante alcoólico. A atenção lhe dá energia, você sente que é
alguém.
Por isso tanta necessidade, tanto desejo de obter atenção.
Se
todos estão olhando, você se torna importante. Se ninguém o olhar, é
como se você não estivesse ali: deixa de existir, vira um não-ser. O
fato de as pessoas estarem olhando, estarem preocupadas, lhe dá energia.
O
ego só existe no relacionamento. Quanto mais as pessoas prestam atenção
em você, maior fica o seu ego. Se ninguém o olhar, seu ego se dissolve.
Se todo mundo esquecer completamente de você, como o ego pode existir?
Daí a necessidade de sociedades, associações, clubes: eles existem para
dar atenção às pessoas que não a conseguem de outras formas.
Desde
a mais tenra infância, a criança aprende a fazer política. A política
é: pareça infeliz e irá atrair simpatia, todos serão atenciosos. Pareça
doente e ficará importante. A criança doente fica prepotente: toda a
família deve lhe obedecer, o que quer que diga se torna a lei.
Quando
ela está feliz, ninguém a ouve. Quando está saudável, ninguém liga para
ela. Quando está perfeita, ninguém lhe dá atenção. Desde o começo,
optamos pela infelicidade, pela tristeza, pelo pessimismo, pelo lado
sombrio da vida. Essa é uma das razões.
A
segunda razão está relacionada ao seguinte: sempre que você está feliz,
exultante, extasiado e inebriado, todo mundo sente inveja. Isso
significa que todos ficam hostis: num segundo, todos viram inimigos.
Então você aprendeu a não parecer tão extasiado para evitar que todos
virem inimigos: aprendeu a não mostrar a felicidade, a não rir.
Olhe
para as pessoas quando elas riem: é um gesto calculado, não é uma
risada que sacode a barriga, não vem das profundezas do ser. Primeiro
olham para você, avaliam e, então, riem. E riem de uma forma que seja
tolerada, que não seja considerada imprópria, que não desperte inveja.
Até
nossos sorrisos são políticos. A risada desapareceu, a felicidade
passou a ser uma coisa absolutamente desconhecida e é quase impossível
chegar ao êxtase, porque não é mais permitido. Se você está infeliz,
ninguém vai achar que é louco.
Se
está exultante, dançando por aí, todo mundo vai achar que você está
louco. Dançar e cantar não são coisas aceitas. Quando alguém vê uma
pessoa feliz, logo acha que há algo errado.
Que
tipo de sociedade é essa em que é permitido se sentir infeliz mas que
acusa aqueles que estão em êxtase de loucos e sem juízo? Por causa da
inveja, tentamos, de todas as maneiras possíveis, impedir o êxtase dos
outros. Chamamos a tristeza de normalidade. Os psiquiatras poderão
ajudar a trazer uma pessoa de volta para sua infelicidade normal.
A
sociedade não pode permitir o êxtase. O êxtase é a maior das
revoluções. Se as pessoas ficarem extasiadas, toda a sociedade vai
mudar, porque ela está baseada na infelicidade.
Se as pessoas são felizes, não podem ser conduzidas à guerra.
Alguém
feliz vai rir e dizer: “Isso não faz sentido!” Se as pessoas são
felizes, não se pode fazer com que fiquem obcecadas por dinheiro.
Acharão que é loucura passar a vida toda acumulando algo sem vida como o
dinheiro.
Se
as pessoas estiverem em êxtase, todo o padrão dessa sociedade terá de
mudar. A sociedade existe por causa da infelicidade. A infelicidade é um
grande investimento para ela. É para isso que criamos nossos filhos:
desde a mais tenra infância, fomentamos uma tendência para a
infelicidade. É por isso que todos sempre escolhem esse sentimento.
Em
todo instante existe a opção de ser infeliz ou feliz. Você sempre opta
por ser infeliz porque há um investimento; isso se tornou um hábito, um
padrão. A infelicidade parece uma descida, o êxtase parece uma subida.
O
êxtase parece muito difícil de alcançar – mas isso não é verdade. O que
acontece é justamente o oposto: o êxtase é a descida e a infelicidade é
a subida. A infelicidade é uma coisa muito difícil de alcançar porque é
antinatural, mas você a alcançou, fez o impossível. Ninguém quer ser
infeliz, mas todo mundo é.
A
educação, a cultura, os pais, os professores – eles têm feito um grande
trabalho. Têm transformado criadores extasiados em criaturas infelizes.
Toda criança nasce extasiada. Toda criança nasce um deus. E todo homem
morre louco.
Como recuperar a infância, como reivindicá-la? Se você conseguir ser criança outra vez, não haverá mais tristeza.
Não
estou dizendo que as crianças nunca sofram – elas sofrem, mas ainda
assim não são infelizes. Uma criança pode ficar extremamente infeliz num
momento, mas mergulha tão completamente nessa infelicidade, entra em
tal comunhão com ela que não há divisão.
Não
há uma criança separada da infelicidade. Ela não está contemplando o
sentimento como algo à parte dela. A criança é a infelicidade – está
completamente envolvida nela. E, quando você e a infelicidade se tornam
uma coisa só, a infelicidade não é infelicidade. Se você comunga tão
profundamente com ela, até mesmo a infelicidade adquire uma beleza só
dela.
Quando
uma criança que não foi estragada está com raiva, toda a sua energia se
torna a raiva: nada é deixado para trás, nada é contido. A criança se
moveu e se tornou a raiva: ninguém está manipulando ou controlando essa
raiva. Não há uma mente.
E
daí surge a beleza, o fluir da raiva. Uma criança nunca parece feia –
até nos momentos de raiva ela é bela. Parece mais intensa, mais viva –
um vulcão pronto para entrar em erupção, um ser atômico, com todo o
universo pronto para explodir.
Depois
de toda essa raiva a criança fica silenciosa, totalmente em paz. Ela se
descontrai. Podemos achar que estava muito infeliz no momento da raiva,
mas a criança não estava infeliz – ela usufruiu da raiva.
Sempre
que você entrar em comunhão com algo, se sentirá em êxtase. Sempre que
se separar de algo, mesmo que seja da felicidade, ficará infeliz.
Essa
é a chave. Ficar separado como um ego é a base de toda a infelicidade;
se ficar em comunhão, fluindo com aquilo que a vida colocar em seu
caminho – entranhado nisso tão intensa e completamente que você deixe de
existir e se perca nisso -, todas as coisas passam a ser felizes.
A escolha existe, mas até mesmo a consciência disso foi perdida.
Fique
atento. Cada vez que estiver escolhendo ser infeliz,lembre-se de que é
uma opção sua. Imediatamente sentirá a diferença. Seu estado mental terá
mudado. Ficará mais fácil se voltar para a felicidade.
Depois
que souber que se trata de uma escolha, será um jogo. Se gosta de ser
infeliz, seja infeliz, mas lembre-se de que é uma escolha sua – por isso
não reclame. Ninguém é responsável por isso.
Não
saia por aí perguntando às pessoas como se faz para não ser infeliz.
Não saia por aí questionando mestres e gurus sobre como se faz para ser
feliz. Os pretensos gurus só existem porque você é um tolo.
Primeiro
cria a infelicidade e depois sai perguntando aos outros como se faz
para não criá-la. Você continuará a criá-la porque não se dá conta do
que está fazendo. A partir de agora, experimente ser feliz e
bem-aventurado.
Osho, em "Corpo e Mente em Equilíbrio"
Fonte: Palavras de Osho
http://palavrasdeosho.blogspot.com.br/
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Rômulo Grandi
Mestre em Reiki
Consultor em
Astrologia, Florais e Terapias Integrativas
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