Dieta rica em carboidrato e pobre em carnes envelhece
Glicação – um pulo para uma velhice sem saúde
(Temas de terapia antienvelhecimento) José Carlos Brasil Peixoto
Excesso de carboidratos e
falta de carnosina é a pior equação alimentar que qualquer dieta, que se
proponha a ser reconhecida como saudável, pode apresentar.
Qualquer dieta rica em carboidrato – especialmente os refinados,
incluindo sucos de frutas, têm uma enorme capacidade de acelerar o
envelhecimento. Parte desse processo é estimulada por um processo
bioquímico chamado de glicação. É um processo um tanto complexo, em que
estão envolvidos moléculas de glicose e de proteína. Uma reação química é
estabelecida de forma que resultam moléculas deformadas e não
funcionantes, que costumam se aglutinar. Esse processo é muitas vezes
comparado a uma “caramelização”, ou seja: o composto final não pode
retornar a um estado anterior, e esse novo resultante compromete os
tecidos que está formando, deixando-os mais rijos e espessos. A pele
envelhecida é um bom exemplo do tipo de aparência externa de um órgão
afetado pela glicação.
Mas o coração, o cérebro e os olhos,
entre outros podem ser órgãos especialmente sensíveis a esse processo.
Esse dano irreparável afeta de forma imperiosa ao organismo sendo parte
do processo degenerativo da aterosclerose, doença cardíaca, Alzheimer (e
outras doenças degenerativas cerebrais, como Parkinson e Esclerose
Lateral Amiotrófica), todas as complicações da diabetes, catarata, e
qualquer processo associado às limitações do envelhecimento. De um modo
geral o colágeno e outras proteínas de matriz tecidual estão sujeitas a
essa reação de re-arranjo molecular, onde a resultante é um tecido com
perturbações funcionais.
Em pessoas mais jovens a preocupação
com a glicação é devido a sua obstinada relação com a obesidade e a
diabete, sendo um dos mais expoentes limitadores da expectativa e da
qualidade de vida nesses indivíduos. (Essa é a razão pelo qual é
solicitado o exame hemoglobina glicada para o controle de pacientes
diabéticos)
A glicação é um processo que não pode ser
completamente evitado dentro dos organismos, mas é fundamental que se
tome atitudes que habilite uma proteção a predominância desse tipo de
reação química.
Nas sociedades ocidentais ou modernizadas uma
forma de tornar mais vagarosa a glicação é a redução do consumo de todo e
qualquer carboidrato, principalmente os refinados. Isso é de certa
forma um dos pilares que dá suporte a postura cada mais encorajada de
restringir o consumo desse alimento, estranhamente colocado na base da
pirâmide alimentar – como política de saúde pública, e de distribuição
de alimentos. Se a base alimentar é o amido o convite a uma velhice
precoce e enferma é garantida – por todos aqueles que estão associados à
extravagante idéia de que é natural tomar sucos de frutas,
eventualmente no lugar da água para matar a sede. Aliás, tem uma
propaganda que diz: “Mate sua sede com o refrigerante X!!”. Se algum
crédulo entendesse que essa orientação, oriundas de propagandas de massa
no rádio, TV ou em out-doors fosse honesta, possivelmente já estaria
morto por doenças ligadas à falência pancreática.
Quem tem sede
toma ÁGUA! Quem tem fome toma suco ou refrigerante ou um drinque
qualquer. Aliás, um aspecto curioso é que a frutose está intimamente
associada ao metabolismo do colesterol e das gorduras. Além é claro de
elevar um pouco o ácido úrico... A natureza – de verdade – é um curioso
desafio aos arautos da saúde... as pessoas por algum motivo não se
apercebem de que pão ou massas não dão em árvores, muito menos doces e
outros quitutes manufaturados...
Um nutriente natural é a única
alternativa natural viável para tratar a glicação. Trata-se de um
aminoácido dipeptídeo de ocorrência farta nos músculos e cérebro: a
carnosina. Esse aminoácido se oferece como alvo para a glicação para a
glicose e poupa outras proteínas de sofrerem esse processo. A carnosina
também se liga a outras proteínas já glicadas nos tecidos, tornando-as
mais fáceis de serem submetidas ao metabolismo e eliminadas, habilitando
as estruturas teciduais a se manterem jovens e flexíveis.
Dá
para se afirmar que ao ter essa habilidade de prevenir a glicação e a
formação dos malfadados AGEs (produtos finais de glicação, do inglês:
Advanced Glycation End Products), a carnosina é dos mais poderosos
produtos anti-aging (anti-envelhecimento) conhecidos na atualidade!
A carnosina vai se reduzindo com o avançar da idade nos músculos e no
cérebro, podendo chegar a menos de 40% de um indivíduo jovem após os 70
anos. Ao mesmo tempo em vai caindo a carnosina mais o corpo vai ficando
vulnerável à reação química da glicação.
Nos anos recentes, pesquisas laboratoriais comprovaram que a carnosina:
1) Protege os olhos da glicação, e pode ser usada como tratamento e prevenção de catarata e perda visual em idosos;
2) Protege os vasos cerebrais mais tênues de danos que podem levar a
doenças como Alzheimer, além de efetivar proteção contra ação tóxica de
certos minerais tóxicos, formando com eles produtos inativos ou até
mesmo novas substâncias antioxidantes;
3) Tem ação relaxante e
de dilatação nos vasos sangüíneos, melhorando a oferta de sangue ao
coração. Além disso, melhora a performance muscular cardíaca.
4)
Previne o envelhecimento da pele por inibir o cross-link (ligação
transversal) do colágeno e preservando sua elasticidade. Tem ação
favorável na cicatrização por promover divisão celular;
5) É um
poderoso antioxidante por ser ativo contra um dos piores tipos de
radicais livres, os radicais hidroxil; estabiliza a membrana celular e
protege contra a ação dos radicais livres;
6) Pode prevenir os efeitos da nefropatia diabética;
7) Pode melhorar em grande medida a socialização e a comunicação de crianças autistas.
Pode bloquear a atividade da guanilato ciclase, enzima ligada a asma, enxaqueca e câncer;
9) Combate processos alérgicos.
Embora existam muitas substâncias naturais que podem ser usadas para
tratar e prevenir o stress oxidativo (formação de radicais livres) e a
inflamação crônica, instâncias extremamente importantes para o
envelhecimento, a glicação, um marcante e devastador aspecto dos
processos degenerativos que vai se impondo com o passar dos anos, tem na
carnosina o mais importante agente antagonista, e possivelmente o único
viável, uma vez que além dela somente substâncias químicas artificiais
farmacêuticas, ainda em fase de estudos, podem se contrapor à glicação.
A carnosina é largamente disponível em dietas normais com oferta
razoável de carne. Dietas que incluem restrição de carne podem ser
extremamente perniciosas aos níveis de carnosina corporal, o que
certamente pode favorecer à glicação, logo a um envelhecimento pouco
saudável, pois muitas vezes essas dietas restringem ou mesmo suprimem a
entrada de carnosina ao organismo e ainda por cima o sobretaxam com
prejudiciais produtos ricos em carboidratos. Excesso de carboidratos e
falta de carnosina é a pior equação alimentar que qualquer dieta, que se
proponha a ser reconhecida como saudável, pode apresentar.
O rejuvenescimento é possível?
Um dos aspectos mais inexoráveis do processo do envelhecimento é o fato
de que as células carregam em si mesmo uma espécie de contador de
multiplicações possíveis. Ou seja, as células filhas, ao se formarem de
uma célula anterior carregam um número uma vez menor de potenciais novas
multiplicações em relação à sua predecessora e assim sucessivamente.
Isso seria uma programação geneticamente definida. Estudos com cultura
celular demonstram esse fato de forma inequívoca. Além disso, as células
mais velhas perdem progressivamente a eficiência funcional.
Porém estudos científicos com culturas celulares mostraram outra
incrível virtude da carnosina: as células de tecidos colocados em
ambiente rico em carnosina parecem retomar sua capacidade jovial de
reprodução e de funcionamento. Células mais velhas parecem rejuvenescer e
viver três vezes mais do que as células em ambientes sem carnosina.
Esses estudos mostram ainda, que com a retirada das células que ficaram
mais jovens, elas retornam à tendência anterior do processo de
envelhecimento.
Os níveis de carnosina muscular estão
diretamente ligados à expectativa de vida das espécies. Quanto maior
esse nível, mais longa será a sobrevida. Em ratos, a sobrevida é de
cerca de 20%, fazendo com que esse animal atinja o máximo de sua
capacidade de vida (15 meses) com aspecto mais jovem e com a bioquímica
cerebral preservada!
Quem diria um produto da carne é incontestavelmente um dos maiores aliados a uma vida mais longa e mais saudável.
A natureza quando examinada sem preconceitos é mesmo exuberante.
José Carlos Brasil Peixoto, 250409
Bibliografia: The Life Extension Revolution - Philip Lee Miller e Monica Reinagel, Bantam Books, 2005;
Na web inúmeros sites:
http://www.naturalskinrepair.com/l-carnosine.html
http://www.masci.com.br/si/view/0113
http://anti-envelhecimento.blogs.sapo.pt/11240.html
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